31 de julho de 2011

TEORIA E PRÁTICA

O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá. (...)".

Allan Kardec foi quem fez essa importante colocação em "O Livro dos Espíritos", Capítulo VIII-Introdução, o que consideramos um alerta para os que, ao se aproximarem do Espiritismo, o julgariam ou o questionariam sem o devido estudo prévio.
Na nossa vida diária como espíritas, acostumamo-nos a conversar com as pessoas que estão se aproximando do Espiritismo e sermos bombardeados por uma série de perguntas, as quais geram respostas que intrigam aqueles que as fazem. Somos da opinião de que, em qualquer crença, as respostas às seguintes questões deveriam ser dadas com muita clareza: "O que somos? De onde viemos? Para aonde iremos? O que é Deus? Devo ser bom? Por quê?..." e assim por diante.
Recorreremos, ainda, às palavras de Bruno Bertocco, em seu livro intitulado "Deus":

"O que toda criatura desapaixonada, equilibrada, sincera e honesta deve fazer, antes de julgar qualquer coisa, de fazer suas críticas a respeito, de negá-la ou aceitá-la, é, inicialmente, adquirir as respectivas informações concernentes à sua existência, aproximar-se para o devido reconhecimento da sua natureza, através da pesquisa e do estudo dos fatores relacionados à sua causa, ou dos fenômenos produzidos pelas forças originárias da parte fundamental, podendo, dessa forma, com conhecimento de causa, tirar suas conclusões, baseadas nos fatos, e formular seu veredicto com justeza, a respeito de tal coisa."

Muitas pessoas aproximam-se do Espiritismo pelos mais variados motivos. No entanto, poucas conseguem perseverar no estudo necessário para entendê-lo: ficam à margem, deslumbrados por alguns de seus aspectos e com grandes dúvidas sobre outros.
É por isso que o Movimento Espírita tem enfatizado, ao longo do tempo, a necessidade da implantação do estudo sistematizado da Doutrina Espírita em cada centro espírita. Lembrando o memorável Herculano Pires (1914-1979), o Espiritismo ainda continua um "desconhecido", e, a maioria, movida pela ânsia de soluções imediatistas, ainda não busca uma nova filosofia de vida, a par de uma explicação para o porquê "do ser, do destino e da dor".
O slogan "Comece pelo Começo", utilizado nas campanhas promovidas pela USE-União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, tendo como figura nos cartazes as obras da Codificação - "O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e O Inferno, e A Gênese" -, pode parecer óbvio. No entanto, constatamos que muitas pessoas que são espíritas, ou as que estão estudando o Espiritismo há algum tempo, não começaram pelo começo; muitas vezes, nem o "O Livro dos Espíritos" chegaram a ler. Ora, não há nada mais aconselhável, se quisermos de fato estudar o Espiritismo: começar pelo começo, e o começo é a Codificação.
Depois de Allan Kardek - o Codificador do Espiritismo -, podemos citar autores importantes, tais como: Léon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano, Camille Flamarion, Herculano Pires, Deolindo Amorim, Eliseu Rigonatti, Yvonne A. Pereira, Hermínio C. Miranda, Martins Peralva, Cairbar Schutel, Richard Simonetti e muitos outros, além, é claro, dos autores espirituais Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos, Manoel Philomeno de Miranda e vários outros.
Há muito para ler e estudar. Assim, torna-se necessária uma boa organização por parte daquele que vai estudar o Espiritismo, para não empregar o tempo de forma equivocada, seja não começando realmente pelo começo, ou mesmo lendo obras "pseudo-espíritas" ou controvertidas, sem pureza doutrinária. Portanto, que cada um possa analisar sua posição, de forma a encontrar o caminho verdadeiramente correto.
Paulo Roberto Wollmer



TEORIA E PRÁTICA
"Espíritas, Amai-vos!" - esse é o primeiro ensinamento; "Instruí-vos" - esse, o segundo.
O Espírito da Verdade
O conhecimento do Espiritismo é absorvido por cada um de nós de modo e intensidade diferentes, variando de acordo com a bagagem de inteligência e nível moral que possuimos, resultado das nossas experiências acumuladas em nossas diversas encarnações.
Não estamos aqui nos referindo à mera curiosidade sobre os fenômenos mediúnicos, tampouco sobre a "procura de soluções imediatistas" para os problemas de cada um, causas que levam muitas pessoas aos centros espíritas. Grande número de pessoas, tendo aprendido algo sobre o Espiritismo, acomodam-se nessa atitude, esquecendo que nosso aprendizado em qualquer situação da vida deve ser constante e progressivo.
Não basta, em absoluto, fazer um "intensivo" sobre Espiritismo, coletando informações aqui e acolá, lendo alguns romances espíritas, assistindo a algumas palestras, mas, sim, são necessários, pelo menos, a leitura constante e o estudo rigoroso das obras básicas, a chamada Codificação Espírita ou "Pentateuco Kardequiano".
Ouve-se constantemente que isso não é muito fácil de ser feito: trata-se de leitura difícil para alguns, falta o tempo necessário para outros, e assim por diante. Porém, os que assim pensam ficam, na maioria das vezes, embatucados com as questões mais simples sobre o Espiritismo, isso quando não se lançam a debater as questões complicadas, aquelas que requerem bom conhecimento doutrinário.
Diante de tal situação, o estudo nos centros espíritas revela-se como atividade essencial para seus freqüentadores, o que na prática tem mostrado ótimos resultados, propiciando sempre novos colaboradores mais preparados, com melhor formação doutrinária, isto é, com melhores conhecimentos sobre o Espiritismo como um todo. O próprio Codificador, depois da terceira viagem por várias cidades da França, no ano de 1862, já afirmava: "Há algum tempo, constituíram-se alguns grupos de especial caráter e cuja multiplicação entusiasticamente desejamos encorajar. São os denominados grupos de ensino."
Daí a recomendação a todos os que buscam conhecer o Espiritismo, para procurar os centros espíritas que oferecem o estudo sistematizado, o qual deverá ser, sempre, estritamente baseado nas obras de Kardec.
O aprendizado em grupos de estudo coordenados e aplicados por pessoas devidamente preparadas permitirá um intenso e frutífero intercâmbio de idéias e esclarecimento de dúvidas, alargando os horizontes do pensamento, que, passo a passo, levarão às respostas das questões mais complexas sobre a nossa existência, nossa origem e nossa destinação futura.
Dessa maneira, estaremos melhor preparados para o entendimento do Evangelho de Jesus como norma de conduta para toda a Humanidade, iniciando, assim, a nossa reforma íntima, especialmente no aspecto moral, bem como a mudança de nossos hábitos, visando sempre ao nosso aperfeiçoamento espiritual.
Adaptação de Artigo de Paulo Roberto Wollmer



DESVIOS PERIGOSOS
Certo ferroviário de extinta Companhia de Estradas de Ferro, após muitos anos de trabalho, resolveu se aposentar, cabendo a ele ensinar suas tarefas ao seu substituto. No primeiro dia de treinamento, o futuro aposentado entregou ao funcionário contratado para substituí-lo um martelo, explicando-lhe que o seu serviço consistia em bater com o mesmo nas rodas dos trens que chegassem à estação. O novo contratado perguntou por que deveria assim proceder. O ferroviário, nervoso, respondeu-lhe irado: "Ora essa: há mais de trinta anos que eu venho fazendo isso todos os dias e ainda não sei, e você, que apenas acaba de chegar, já quer saber?"
(Logicamente, a pancada na roda era para verificar, através do som produzido, se ela estava trincada).
De maneira semelhante ao ferroviário, alguns médiuns e dirigentes de centros espíritas vêm assim procedendo: adotando práticas que são perigosos desvios doutrinários. Muito embora alguns deles sejam possuidores de ilibado caráter, são desconhecedores da Doutrina Espírita e incapazes de discernir o certo do errado. Acatam cegamente as determinações dos espíritos comunicantes, sem qualquer questionamento se elas são ou não condizentes com a Doutrina dos Espíritos.
Com o desencarne, o espírito não se torna sábio, nem santo ou demônio, de uma hora para outra, como pensam alguns. Ele continua sendo o mesmo que era antes, apenas mudando de dimensão, tendo a mesma personalidade, os mesmos sentimentos, as mesmas simpatias e antipatias, os mesmos conhecimentos e as mesmas necessidades, de acordo com o seu grau de evolução. Portanto, o espírito, ao se comunicar através do médium, transmite os conceitos que possui.
Por isso, é necessário estudar, analisar e passar pelo crivo da razão toda e qualquer orientação antes de levá-la a sério, verificando se ela não conflita com a Doutrina Espírita e nem a compromete. O espírito Erasto, discípulo de Paulo, recomenda que é preferível duvidarmos de nove verdades do que acreditarmos em uma única mentira. Os Espíritos Superiores não se ofendem quando questionados; ao contrário, eles se alegram com a nossa precaução doutrinária, ao passo que os espíritos inferiores, estes sim, se ofendem e se aborrecem.
A pretexto de atualização da Doutrina, quantas obras psicografadas por espíritos, com pareceres conflitantes com a Codificação Kardequiana, estão sendo editadas, gerando confusão entre os adeptos do Espiritismo! O que é mais lamentável ainda é que algumas dessas obras são recomendadas, e até mesmo adotadas, por dirigentes espíritas menos avisados, que, por ignorância, ingenuidade, ou mesmo por envolvimento obsessivo, se deixam conduzir, comprometendo sobremaneira o Cristianismo Redivivo! São bem oportunas as palavras do espírito Emmanuel, quando afirma:
"Compreendemos, com Allan Kardec, que, na Doutrina Espírita, foi pronunciada a primeira palavra, mas, em face do caráter progressivo dos seus postulados, ninguém poderá dizer a última. Na Doutrina Espírita, não se dirá que Allan Kardec foi ultrapassado, de vez que nossos princípios avançam com o fluxo evolutivo da própria vida e, à maneira do edifício que para crescer não prescinde do alicerce, a Doutrina Espírita não fugirá das diretrizes primeiras, a fim de ampliar-se em construções mais elevadas."
Sabemos que a Doutrina codificada por Kardec é o alicerce sólido, indestrutível, feito para sustentar um número infinito de andares, mas é necessário ter o cuidado de que os andares a serem construídos sobre esse alicerce sejam da mesma qualidade, estrutura e robustez, para suportarem os que forem construídos acima, caso contrário comprometerão todo o edifício. Toda e qualquer prática fora dos preceitos doutrinários é um andar fragilizado, que, com o tempo, ruirá. Compete a nós, espíritas conscientes, a grande responsabilidade de preservar a pureza do Cristianismo Redivivo, e, de forma alguma, a pretexto de tolerância cristã, usar de condescendência para com as deturpações que invadem o Espiritismo!
Ary Lex, em seu livro "Pureza Doutrinária", alerta-nos:
"É urgente e fundamental que todos aqueles que tiveram a ventura de entender o Espiritismo lutem, dia a dia, pela manutenção da pureza doutrinária. Que não se omitam. Que não se escondam atrás de um comodismo preguiçoso, alegando que, cada qual tem o direito de adotar a prática que quiser, e que cada qual vive a religião de acordo com seu grau de evolução intelectual. Realmente, não temos o direito de apontar o dedo ameaçador à face dos profitentes de outras religiões e cultos. Eles têm o direito de ter a religião que quiserem e adotar os cultos que bem entenderem. O que não se pode permitir é que, em nome do Espiritismo, se pratiquem atos totalmente condenados pela Doutrina.
Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora." (S. João, 1 Epístola, Cap. IV, v. 1)

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